Os resultados da Pesquisa de Pós-Graduação Lato Sensu: Um diagnóstico sobre os cursos de especialização no Brasil foram divulgados nesta quarta, 29, pelo Semesp. Participaram do evento remoto que apresentou os dados o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, o coordenador da Universidade Corporativa, Márcio Sanchez, e o diretor de Negócios da Colab-on, David Forli Inocente, que conduziu as discussões.

Alguns números referentes à pesquisa:

– Realizada pelo Instituto Semesp nos meses de outubro e novembro deste ano, a pesquisa ouviu 495 pessoas, entre elas, alunos, egressos e pessoas com e sem interesse em ingressar em uma pós-graduação;
– 2.162 IES oferecem 173.176 cursos de pós-graduação lato-sensu;
– Entre 2019 e 2023, as especializações EAD cresceram 479%;
– 74,2% discordaram que uma especialização EAD não atenda às expectativas dos alunos.

Para Rodrigo Capelato, a pesquisa do Instituto Semesp desmistifica a ideia de que a pós-graduação não vale mais. “Pelo contrário, ainda há uma elevada valorização das especializações”, decretou. “Os números apresentados mostram que as especializações não serão substituídas pelas microcertificações”, disse ele. “Até mesmo as pessoas que responderam que não farão uma especialização dizem isso por falta de tempo ou dinheiro. Não é que elas não queiram fazer, elas não podem”, analisou.

Outro ponto da pesquisa destacado por Capelato é a dissonância entre o que os alunos querem e as instituições de ensino estão oferecendo. “A pós-graduação é um espaço para buscar conhecimento prático e um aprofundamento que os alunos não tiveram durante a graduação, daí o interesse maior por um corpo docente mais vinculado a práticas do mercado”, explicou. “Os alunos de pós-graduação querem mais aulas práticas e estudos de caso, mas o mercado ainda oferece mais aulas expositivas, e isso é um ponto de atenção”, ressaltou afirmando ainda que há um grande potencial de mercado e de oportunidades para as IES reverem como estão atuando na área de educação continuada.

Pesquisa de Pós-Graduação Lato Sensu: Um diagnóstico sobre os cursos de especialização no Brasil

Mercado competitivo

“Houve um crescimento muito grande do mercado de pós-graduação de 2016 a 2021, com o aumento tanto do número de cursos ofertados quanto das matrículas”, apontou Márcio Sanches durante o evento. “Mas depois de 2021 esses números estabilizam e fica a sensação de que o mercado das especializações está andando de lado”, lamentou reforçando que ainda há um mercado muito grande a ser explorado. “Os números mostram que o mercado de especialização se tornou muito competitivo e deixou de ser nichado, com uma pulverização da oferta com muitas IES ofertando cursos com temas similares”, prosseguiu citando que, atualmente, o mercado oferece mais de 170 mil cursos, com uma média de 80 cursos sendo ofertados por cada IES que oferta especialização.

Para Sanches, outro dado que chama a atenção é o aumento dos cursos de especialização na modalidade a distância.  “O crescimento do mercado de pós no formato EAD é um dado bastante interessante, com um movimento de IES que ofertavam apenas cursos presenciais sofrendo uma queda. Ao mesmo tempo, o número de IES que passa a ofertar cursos na modalidade EAD quase dobra, mostrando uma tendência forte de mercado”, explicou.

Outros números da pesquisa:
– Apenas 4,2% da população brasileira acima de 24 anos possui uma especialização;
– Atualmente, quase 85% das IES ofertam cursos de especialização;
– Quase 90% das IES que ofertam cursos de especialização são do setor privado;
– Em 2019, 77% dos cursos de especialização ofertados eram presenciais; em 2023, os cursos EAD passaram a representar 55% do mercado, com os cursos presenciais sendo apenas de 45%;
– 85% dos cursos são da área de Negócios, Administração, Direito, Educação e Saúde.

Segundo David Forli Inocente, a principal diferença entre a graduação e a pós lato sensu é que a primeira oferece um conhecimento formador e estruturante, enquanto a segunda visa o aumento de skills e o reconhecimento para a atuação em diferentes mercados, além de uma maior empregabilidade e aumento salarial. Para ele, a pesquisa do Instituto Semesp apresenta dados esclarecedores e direcionamentos claros referentes ao papel estratégico dos cursos de especialização, em especial referentes à questão de preços dos cursos e uma melhor articulação entre graduação e pós. “A especialização é uma oportunidade de negócio que segue na mesa, fica a lição de casa para as IES melhorem explorarem o potencial desse mercado”, decretou.

FONTE: https://www.semesp.org.br/noticias/pos-graduacao/